O QUE É A VIDA

O que sei sobre a vida: vida é todo organismo que troca energia com o meio ambiente, podendo gerar, ao longo do processo histórico, descendentes férteis que assegurarão sua continuidade até que as condições ambientais impeçam suas adaptações a esse meio ambiente, levando-os à extinção generalizada.

Na realidade, todas as coisas caminham para extinção em obediência à Lei da Entropia. O próprio universo já está condenado, os anos que lhe restam equivalem a 250 bilhões anos, quando, então, na forma de energia pura, reage, se comprime, aumentando a pressão e temperatura a tal ponto que um novo sopro o fará renascer "das cinzas", em toda sua diversidade, e, quem sabe, sobre novas leis da física e da química.

A energia é pré-existente, ela não desaparece em um "Nada", pois, se assim fosse, do Nada poder-se-ia extrair alguma coisa, como ele é coisa alguma, logo não existe. O que existe é o Todo que é tudo sem faltar nada. Assim, se toda matéria desintegrada se transforma em energia, a recíproca inversa também é verdadeira: matéria não é senão energia integrada e composta.

Na realidade, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. Tudo está em movimento e a Lei dos Contrários rege soberana as realidades universais. Vida e morte; sombra e luz; e citando um verso do poeta Chagas Fonseca, digo: A luz do Sol à rosa, as pétalas descerra, e a faz sorrir de amor, no galho de esmeralda; mas logo após, a luz do mesmo Sol a escalda e cresta-lhe a beleza e a faz tombar por terra...   

A Ciência é um acúmulo histórico de conhecimentos, assim, o que não sabemos hoje, saberemos amanhã, pois o universo é inteligível, racional, e o real pensado reproduzirá certamente o movimento do real concreto, estabelecendo neste processo aquilo que designamos como verdade.

As realidades universais são regidas por leis, para cada causa há um efeito; H2O resulta em água em qualquer parte do universo desde que mantidas determinadas condições de pressão e temperatura. Sabemos que as realidades universais fazem sentido, entretanto, não sabemos se elas têm sentido, ou seja, o universo tem um propósito? Qual a finalidade da vida? Sabemos, por exemplo, como nascemos, como morreremos; sabemos por que um animal mata outro na luta pela própria sobrevivência, o que faz sentido, mas tal fato tem sentido? Seria moral? Deixo essa questão aos amigos que lerão essas ligeiras notas de aniversário.

Quanto ao homem: o cérebro como matéria altamente desenvolvida e organizada, produto do desenvolvimento histórico, reflete a realidade material exterior e com ela se interage. No processo da interação societária, por exemplo, os homens necessitam da comunicação oral entre eles. Dessa necessidade, surge a linguagem, que fixa a memória, fator fundamental para o desenvolvimento da estratégia e da ação.

Os homens premidos pela necessidade de sobrevivência estabelecem relações sociais históricas independentes de sua vontade ou ignorância. No interior dessas formações históricas, percebem, então, que não há um roteiro pré-estabelecido, nada trouxeram do berço que lhes deem um significado para a vida. Surgem daí as especulações filosóficas e as crenças religiosas.

Diante da facticidade e historicidade de sua existência, surge, quase sempre, o sentimento de abandono, derrelição, nascendo daí a necessidade de cada um construir ele mesmo um significado para sua vida. E cá estou eu tentando dar sentido também para minha insignificante vida.

solonsantos@yahoo.com.br – notassocialistas.com.br – ligeiras notas de aniversário.